Mais de oito mil pacientes com diabetes são atendidos pela Policlínica Oswaldo Cruz, em Porto Velho

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“Tem dia que a gente prefere esquecer. Ainda lembro: era uma manhã, como outra qualquer, no meio da correria passei no laboratório para pegar o resultado dos exames de rotina. Foi um susto, meu coração disparou, eu não conseguia acreditar: glicose 133. Um turbilhão passou pela minha cabeça. Eu herdara o gene do diabetes oriundo da família da minha mãe”.

O relato é da professora, jornalista e especialista em comunicação institucional, Sara Xavier. Ela conta a difícil rotina de quem é portadora de uma doença silenciosa, agressiva que, após diagnóstico, muda tudo em sua vida: seus hábitos, alimentação, o distanciamento do açúcar, a carga de medicamentos, entre outros ajustes que precisam ser feitos.

Sara conta que descobriu a doença aos 36 anos. De imediato, não acreditou. “Fiz outros exames, estava lá, o início de uma história de convívio com o diabetes. No começo foi difícil. Como manter uma dieta tão restrita, remédios, consequências: a sede incontrolável, a fome sem explicação, o ganho de peso expressivo? Confesso, não é fácil conviver com a doença, ela avança silenciosa e faz muitos estragos no organismo”, afirma.

Segundo ela, um dia um colega professor e psicólogo disse que tudo é uma questão de aceitação. “Esta frase me ajudou muito. Resolvi aceitar e encarar a realidade. Por enquanto estou por aqui, vencendo cada dia, aprendendo a lidar e a conhecer a doença a cada conversa, a cada consulta, a cada leitura”, diz Sara Xavier.

Quase 30% dos diabéticos descobrem a doença em exame de rotina. Os números são de um pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), em parceria com um laboratório farmacêutico. Ela mostrou que – entre diabéticos e cuidadores – 92% acreditam que atividade física e alimentação saudável são fundamentais para o controle da doença, mas 64% não praticam exercícios regularmente.

De acordo com a SBD, o levantamento foi feito para chamar a atenção para o Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro) e para alertar sobre a doença. Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 147 municípios, em todo o país.

O levantamento mostra, ainda, que 29% dos diabéticos não suspeitavam que tinham a doença e a descobriram em exame de rotina e que 66% acreditam que consultas médicas são a melhor forma de controlar a doença. Dos entrevistados, 39% citaram a alimentação saudável. Mesmo assim, 18% não sabem os problemas que a doença pode causar.

DOENÇA ASSINTOMÁTICA

AVANÇO - A endocrinologista Carolina Martins alerta para incidência em crianças e adolescentes

A endocrinologista Carolina Martins alerta para incidência em crianças e adolescentes

Em Rondônia, quase nove mil pacientes são atendidos por ano na Policlínica Oswaldo Cruz (POC) – referência no atendimento de alta complexidade. De acordo com o setor de estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), 1.138 pacientes são atendidos por mês na especialidade de endocrinologia, área da medicina que cuida dos transtornos das glândulas endócrinas. As glândulas endócrinas são órgãos que secretam substâncias no sangue, conhecidas como hormônios, entre eles o diabetes.

A POC recebe pacientes de todos os municípios de Rondônia, do Sul do Amazonas – Humaitá e Apuí -, do Acre, e do Mato Grosso. Deste total, 60% são pacientes portadores de diabetes. De acordo com a médica Carolina Martins, o diabetes vem crescendo muito entre crianças e adolescentes. O avanço da doença nesta faixa etária está diretamente ligada ao hábito alimentar – consumo grande refrigerantes, produtos industrializados -, à falta de exercícios físicos e por uma questão de genética. Se há na família histórico de casos, maior a probabilidade da criança nascer com diabetes, o tipo 1 ou adquirir a doença, tipo 2.

Carolina Martins afirma que apesar de ser uma doença assintomática na maioria dos casos, há alguns sintomas que combinados, podem indicar suspeita do diabetes: sede constante, aumento na vontade de urinar, perda de peso, aumento do apetite, juntos são um indicativo para que a pessoa busque orientação médica e faça os exames que podem confirmar o diabetes.

Hoje o uso de insulina não está mais restrito aos pacientes portadores do tipo 1. Há muitos casos que pessoas portadoras do tipo 2, pelo avanço da doença, o quadro requer o tratamento com insulina. Tudo vai depender da resposta do paciente ao tratamento. Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, melhor será o controle, já que o diabetes ainda não tem cura, afirma Carolina Martins.

A Secretaria de Estado da Saúde por meio da portaria nº 483/2013, publicou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas dos Análogos de Insulinas, no âmbito estadual. Neste contexto, tem viabilizado o tratamento de 208 pacientes, com Insulina Glargina e Insulina Lispro. Em relação a 2015, houve um crescimento de 44,7 % em 2016 no número de pacientes atendidos.

No ano de 2016 o investimento estadual para a manutenção destes tratamentos até a presente data, esta na ordem R$ 376 mil. Atualmente, os medicamentos encontram-se em fase de aquisição, e aguardam a emissão de notas de empenho para que os estoques sejam regularizados.

DOENÇAS CRÔNICAS

A Sesau trata a abordagem e prevenção ao diabetes dentro do programa de combate e controle de doenças crônicas não transmissíveis, as chamadas DCNT. O trabalho é realizado pela Gerência de Programas Estratégicos de Saúde (GPES).

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são doenças multifatoriais que se desenvolvem no decorrer da vida e são de longa duração. Atualmente, elas são consideradas um sério problema de saúde pública, e já eram responsáveis por 63% das mortes no mundo, em 2008, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

As quatro DCNT de maior impacto mundial são: doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas. E elas possuem quatro fatores de risco modificáveis em comum.

Seguindo essa tendência mundial, no Brasil, em 2013, as DCNT foram a causa de aproximadamente 72,6% das mortes, dados publicados em 2015. Isso configura uma mudança nas cargas de doenças, e se apresenta como um novo desafio para os gestores de saúde. Ainda mais pelo forte impacto das DCNT na morbimortalidade e na qualidade de vida dos indivíduos afetados, a maior possibilidade de morte prematura e os efeitos econômicos adversos para as famílias, comunidades e sociedade em geral.

As DCNT são resultado de diversos fatores, determinantes sociais e condicionantes, além de fatores de risco individuais como tabagismo, consumo nocivo de álcool, inatividade física e alimentação não saudável.

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