Impopularidade e Progresso

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É crescente a percepção de que as democracias, em geral, podem ser divididas em democracias saudáveis e aquelas desprovidas de vitalidade, ou, se preferir, enfermas. Em uma análise simples, pode-se trazer esse tema para contextos mais rotineiros, como o da educação familiar – sim, essa responsável por formar cidadãos que, uma vez adultos, irão trabalhar, votar, governar e formatar a sociedade.

No mundo contemporâneo nos acostumamos a educar os filhos seguindo uma cartilha ditada pela educação pós-moderna, que preconiza a aceitação de tudo no tocante aos desejos da prole. Sob pena de não nos tornarmos bons (e amados) pais – e ainda pior, sob o peso de que nossas habilidades enquanto tutores sejam julgadas publicamente – nos permitimos não reprimir os filhos quando gritam e esperneiam em restaurantes. Deixamos de chamar sua atenção quando erram deliberadamente. Da mesma forma, são numerosos os casos de pais que preferem contestar professores, mas nunca os filhos. Numa longa lista de situações, a permissividade ocupa o topo, sob a justificativa de que assim, e somente assim, ganharemos o título de “pais legais e modernos”. Contrariar interesses é desgastante e ainda pode pôr a perder o bônus de comprar a amizade eterna daqueles que tanto mimamos na infância.

Numa analogia política pode-se imaginar o impacto progressivo do comportamento daqueles que assim foram educados e hoje vivem numa democracia em que a melhor proposta ganha a eleição. Traduz-se aqui como a melhor proposta aquela que agrada a maioria dos eleitores, principalmente as minorias, os mais pobres. Isso, aliás, seria muito saudável se praticado numa democracia de um país desenvolvido e sólido.

Hoje, infelizmente, vivemos num país esfacelado economicamente, numa democracia enferma, muito embora todas as instituições funcionem normalmente. A enfermidade democrática vem do fato de que numa situação de emergência estrutural econômica não mais podemos despender gastos: o que resulta, em grande parte, cortar gastos sociais; o que representa, em grande medida, contrariar os filhos.

É nesse momento que a prole brasileira terá de ser advertida, convencida, ensinada e reeducada para compreender que muitas das ações do governo, no caso o provisório de Michel Temer, não serão populares. Elas significam impor limites dentro da nossa democracia e da nossa economia, exatamente para mantê-las saudáveis. Integram o pacote restringir fortemente os gastos públicos, assim como sociais, e contar com o apoio do Congresso Nacional.

Em tais condições, é certo o descontentamento de muitos filhos da Pátria, em especial daqueles “educados” e agraciados pelo PT – este assumiu muito bem o papel de “pai bacana”, que concede tudo para agradar seus filhos, permitindo-se esbanjar dinheiro público oriundo até de corrupção. Esses filhos do Brasil terão de entender que, acima da popularidade, estará o sacrifício de “consertar o Brasil”.

Não foi à toa que o presidente provisório Michel Temer deixou claro que o importante no seu governo não é a popularidade, mesmo porque, segundo ele, não pretende – por ora – candidatar-se a nada. Novamente, de acordo com suas declarações, Temer pretende pôr em prática medidas austeras, nada populistas, com o intuito de salvar este país. Para finalizar, portanto, muitas crianças mimadas irão espernear.

Do jeito que as coisas andam, entretanto, só uma educação antiga, daquela que foi ensinada pelos nossos avós, salvará e revitalizará a democracia, a ordem e a economia do Brasil. Acabou o “quero tudo e tenho direito a tudo “durante um tempo, vamos tentar colocar a casa em ordem para que os filhos na nossa Pátria não sofram com demandas piores, com castigos piores: o desemprego, a angústia e a desesperança.

por Fernando Rizzolo

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