Em entrevista coletiva, prefeito de Porto Velho diz que pediu para vice se afastar ao saber de propina da JBS

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O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), declarou na noite do último sábado (20) que ficou surpreso com a notícia de que o vice-prefeito, Edgar do Boi (PSDC), foi citado na delação de um esquema de propina na JBS, em Brasília (DF). Em coletiva de imprensa, o prefeito declarou que ele mesmo pediu para o vice se afastar.

Em um depoimento divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Valdir Aparecido Boni diz que pagou cerca de R$ 4 milhões de propina para Edgar em troca de benefícios fiscais.

Durante uma entrevista coletiva realizada na noite de sábado (20), Hildon declarou como foram as últimas 24 horas, desde que as delações premiadas dos executivos da JBS vieram a público.

“Fomos surpreendidos com a notícia e imediatamente, diante dos fatos, solicitei pessoalmente ao vice-prefeito que procedesse o seu afastamento da prefeitura, o qual aceitou de pronto por entender que este seria o caminho mais certo para se dedicar a sua defesa, respeitando o devido processo legal”, afirma.

Questionado sobre a relação de Hildon com Edgar, o prefeito foi enfático. “Eu conheço o Edgar há 20 anos, mas eu nunca tive uma cabeça de gado. Durante estes 20 anos nós nunca visitamos a casa um do outro, pois não tínhamos uma relação de amizade”, diz.

Ainda na coletiva, Hildon ressaltou que todos os fatos envolvendo o vice-prefeito ocorreram no ano de 2012, fora do período da candidatura e ingresso na prefeitura de Porto Velho.

Segundo Hildon, Edgar do Boi já se afastou da função neste sábado. Caso Hildon tenha que se ausentar de Porto Velho para algum trabalho, a prefeitura ficará sob o comando do atual presidente da Câmara de Vereadores, Maurício Carvalho (PSDB).

Aos jornalistas, Hildon também declarou que o contador Clodoaldo, que é citado na delação do esquema de propina da JBS, não faz parte da administração municipal.

Já Edgar do Boi encaminhou nota à imprensa dizendo que irá se afasta para se dedicar à sua defesa.

Delação

Depoimento de Valdir Aparecido.

  • Início – Valdir afirma que, em 2012, a JBS comprou as fábricas da empresa Guaporé Carnes em Rondônia e Mato Grosso. Em Rondônia, ele afirma ter se reunido na sede do PSDC com o contador da Guaporé (Nilton Amaral), um proprietário de um escritório contábil (Clodoaldo) e Edgar Nilo Toneal, conhecido como Edgar do Boi e atual vice-prefeito de Porto Velho. Lá, o grupo decidiu que conseguiria créditos “ilegítimos” à JBS e, em troca, receberiam 30% do valor em propina.
  • 06’58” – Diz que, de 2012 a 2014, a JBS pagou R$ 2 milhões em propina e, entre janeiro e agosto de 2015, R$ 1,8 milhão da mesma forma. “Só que aí mudou um pouquinho. O que mudou? Esse escritório do Clodoaldo passou a emitir notas fiscais. Então a gente recebia as notas, registrava e eu dava o comando pra empresa, com autorização do Wesley, pra fazer o pagamento. Isso deu um montante de R$ 1,8 milhões, mais ou menos.”
  • 08’56” – Valdir conta que esse acordo durou até agosto de 2015. “Em função da mudança de comportamento do país, veio uma determinação do Wesley pra gente reduzindo gradativamente a operação até zerar. No final de 2015, nós paramos com essa operação.” Mesmo, assim, ele diz que precisou negociar um pedido de propina de Clodoaldo sobre os anos em que as fábricas da JBS em Rondônia ficaram sem fiscalização do governo local.

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