Educação patrimonial: uma realidade cada vez mais distante em Rondônia

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Painel “Monumento aos Pioneiros”, patrimônio histórico tombado pelo Estado. Foto: Arquivo pessoa

Outro dia falei sobre este assunto, porém sinto-me no dever de retornar a esta temática, sobretudo após a visitação a alguns “patrimônios históricos” de Rondônia. É incrível o descaso – e o desrespeito – como estão tratando importantes centros históricos do Estado, locais que expressam a memória, a história e a luta de “destemidos pioneiros”

Admito, sinto inveja quando leio notícias de outras regiões que nos dão conta sobre inaugurações ou restauro de locais de visitações a patrimônios históricos. Seja uma antiga senzala no sul, algo de relativa aparência simples, mas que tem se tornado símbolo de luta e resistência de um povo que tanto contribuiu para nossa formação social. Lá, é perceptível como a comunidade e as autoridades governamentais se orgulham desta estrutura e do que ela representa. Este fato não é exemplo isolado, inerente apenas ao sul. Em um estado fronteiriço, uma cabana de um antigo seringueiro guarda toda uma história de vida, repressão e conquistas e que hoje é referência para as gerações contemporâneas.

Infelizmente em nosso estado o que se vivencia é exatamente o oposto, é a cultura do incorreto, do “não é da minha conta”, e não me refiro apenas às instituições governamentais, que por si só já demonstram uma incompetência que chega a ser ingênua. Também é dever da sociedade buscar conhecer o patrimônio histórico, assim compreender sua importância. Perdemos muito cada vez que nosso patrimônio é demolido, descaracterizado ou mutilado. É como se apagassem uma página de nossa história. São danos irreversíveis.

Mesmo reconhecendo a importância do patrimônio histórico, as autoridades responsáveis pela questão em Rondônia não conseguem responder adequadamente, preservando, mantendo ou recuperando os prédios, monumentos ou antigos conjuntos históricos. A destruição do patrimônio histórico significa não apenas perda de qualidade de vida, mas de cidadania e de senso de pertencimento aos locais e aos grupos comunitários. O patrimônio é responsável pela continuidade histórica de um povo, de sua identidade cultural.

O patrimônio histórico, entendido como um conjunto de bens e valores representativos de uma nação deve ser entendido como herança de um povo, como “uma página de nossa história” e, portanto, é preciso que seja visto cada vez mais como uma questão da sociedade, e não apenas do poder público.

Apropriar-se de seu patrimônio é identificar-se nele, é fortalecer o senso de pertencimento ao grupo do qual ele representa simbolicamente a identidade. Significa construir uma identidade a partir de traços de um passado comum.

Valorizar o patrimônio vai, portanto, muito além do respeito aos monumentos, obras de arte, museus. O que chamamos de patrimônio cultural vincula-se às pessoas e à sua ação, às histórias, hábitos e expressões, realidades que pertencem ao passado da população e cujos vestígios ainda fazem parte do cotidiano. Preservar é, então, uma atualização constante da memória e dos valores que definiram aquele objeto ou expressão cultural como representativos e, portanto, patrimônio da coletividade.

Vale agora refletir um pouco sobre o axioma “só se ama o que se conhece” implicando numa estreita interrelação entre o conhecimento intelectual e o conhecimento afetivo, ou seja, a identificação, no patrimônio, de valores que nos permitam reconhecê-lo com um bem.

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