Bandido bom é bandido morto?

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Imagem: http://www.polemicaparaiba.com.br

Por estes dias, recebi uma mensagem de uma aluna desesperada querendo saber minha opinião acerca da seguinte questão: Bandido bom é bandido morto? Bom, até onde entendi ela queria subsídios para escrever uma redação exigida por seu professor, fato elogiável visto que são poucos os professores que estimulam a criticidade e a pesquisa entre seus discentes. O tema é polêmico e também não é recente, o sentimento de impunidade nos tornam “feitores de justiça”, é nato do ser humano. A insatisfação com a impunidade é algo perfeitamente plausível. Manifestarmo-nos contra a injustiça e os desmandos que nos afetam além de um direito que cada um de nós tem, é também um dever. Estes últimos tumultuados meses que temos vivido em nosso país, têm trazido à tona uma das realidades mais promíscuas, obscuras e corruptas de toda a história humana recente. Jamais se viu tanta roubalheira entre os homens, e a percepção desta realidade tem trazido seus efeitos colaterais, que não são poucos, nem simples.

Segundo pesquisa Datafolha feita a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada recentemente, seis em cada dez brasileiros disseram concordar com o teor da frase “bandido bom é bandido morto”, este resultado pode ser explicado devido à fragilidade de nosso sistema judicial. A sociedade respalda-se pela impunidade para defender o ideário de “justiça de Talião”, entretanto não acho um bom indício da situação de nossa civilização quando a maioria concorda com a afirmação “bandido bom é bandido morto”, mas compreendo o fenômeno. Numa sociedade decente, normal, o certo seria “bandido bom é bandido preso”, julgado e condenado após o devido processo legal. É aquilo que chamamos de “estado de direito”, um valor clássico do liberalismo.
Contudo muito além de uma questão de falha do sistema judicial, a problemática está relacionada com a falta de princípios sociais e familiares, decadência do sistema educacional e sobretudo, as desigualdades que são crônicas em nosso país. Partindo do princípio de que a inclusão social e a educação escolar fragilizada, são dois grandes fatores que contribuem para a violência, fica claro que querer resolver o problema da criminalidade com pena de morte é isentar o estado do compromisso com a juventude e com o sistema penitenciário. Isso porque, cerca de 70% de presidiários voltam ao crime quando ganham liberdade. Não existe, no país, política penitenciaria, nem intenção do estado de recuperar essas pessoas.

Assim, compreendemos que bandido bom não é bandido morto, bandido bom é bandido recuperado, imagine se o país fechar o compromisso de educar a população cuidando das famílias no geral, recuperar presidiários promovendo a reiteração social (as maneiras são indiferentes, se com cursos profissionalizantes, tratamento psicológico, ambos ou outros), imagina se cada um de nós parar de usar frases sem fundamento e olhar o que acontece à nossa volta? Perceba a real solução para o problema, caso contrário, não vai sobrar ninguém pra contar história.

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